Era só o que nos faltava! Agora, também o Presidente da Assembleia da República, aliás, o mais alto representante do Estado Português, a seguir ao Presidente da República, achou por bem abandalhar o ambiente político, com um toque muito pessoal. Como é sabido e recordado, o Dr. Jaime Gama, em 1992, acusou o obstinado, incorrigível e asqueroso Alberto João, Presidente do Governo Regional da Madeira, de ter um porte assumidamente antidemocrático, por força do seu autoritarismo, insolência e desrespeito pelos adversários políticos, logo de estar em pé de igualdade com um qualquer tiranete africano, comparando-o, para o efeito, ao sanguinário Bokassa, que à época se havia auto-proclamado “imperador” da República Centro-Africana.
Pois bem, agora, passados uns anitos, durante o congresso da ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias) que reuniu no Funchal, o senhor Gama mudou de bitola e discurso, passando o mesmo Alberto João a ser apresentado como um case study de sucesso, um exemplo "notável" de "trabalho, sacrifício, tenacidade e determinação" e que, "apesar das divergências políticas", "temos de reconhecer que esta obra histórica tem um rosto e um nome. E esse nome é o do presidente do governo regional da Madeira". Alberto João Jardim entra assim directamente na lista dos "grandes talentos" madeirenses, ao lado do poeta Herberto Helder e do internacional de futebol Cristiano Ronaldo, como o "exemplo supremo da vida democrática do que é um político combativo, dr. Alberto João Jardim".
Depois deste arrazoado, ou o senhor Gama está com um sério problema de identidade ou de memória, ou então, ao abandonar a sua habitual postura reservada, decidiu assumir-se como um típico “vira-casacas”, e adular, vá-se lá saber porquê, com encómios e rutilantes rendilhados o “soba” da Madeira, ao ponto de ter deixado estarrecidos os seus próprios correligionários. Esses mesmo, os que vivem na ilha um clima de sistemática perseguição, acabaram a aprovar na Comissão Regional do PS/Madeira um voto de protesto por tão inusitada quanto despropositada enxurrada de elogios. Instado pelos jornalistas a explicar a razão da sua reviravolta, o senhor Gama terá dito que a Madeira de hoje já não é o que era. Pois, não, lá isso é verdade, dizem os de lá! Feitas as contas, estará mesmo bem pior.
Em política vê-se muita coisa, no entanto, vindo de quem vem, continua por explicar a que propósito se deve tão súbito e espectacular “flic-flac”.
Este portal é o que resta da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia, que data do séc. XVI, depois desta ter sido destruída pelo Terramoto de 1755. De origem manuelina, este elaborado portal está decorado com muitos pormenores do seu estilo, como os animais, a cruz da Ordem de Cristo, os anjos, as flores e esferas armilares. No tímpano, a Virgem Maria abre o seu manto protector sobre figuras contemporâneas como D. Manuel I e a irmã, o papa Leão X e a Rainha D. Leonor. Hoje, no lugar da anterior Igreja, está erigida a Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, com um interior um tanto ou quanto sombrio e um tecto invulgar, onde se encontra uma estátua de Nossa Senhora do Restelo, que veio da Capela de Belém, onde rezavam os navegadores antes de partirem nas suas viagens.
NOTA: Há uns anos atrás, penso que entre 2003 e 2005, foram efectuados trabalhos de restauro no templo, que já teriam terminado, porém, mantém-se suspenso no janelão esquerdo, ocultando-o parcialmente, um pendão em muito mau estado e quase ilegível, que alguém se esqueceu de remover, desenobrecendo aquela magnífica fachada.


