quarta-feira, março 05, 2008

(Des)Governação à Vista

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Diz o site do jornal PÚBLICO que “O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou hoje a abertura de dois concursos durante o mês de Março para a admissão de dois mil (2.000) elementos para as forças de segurança, metade para a GNR e outros tantos para a PSP.Esta é uma das 15 medidas da Estratégia de Segurança para 2008 apresentada hoje pelo ministro da Administração Interna, em Lisboa, numa cerimónia em que participaram representantes de todas as forças de segurança.”
Como é óbvio, fiquei incrédulo, atendendo às intenções que anteriormente haviam sido largamente divulgadas. Então não é que ainda há uns tempos atrás, em Julho de 2006, este (des)Governo tinha anunciado ser seu objectivo libertar perto de 5.000 agentes da PSP e da GNR, que estavam ocupados com tarefas burocráticas, para que eles pudessem ser devolvidos às actividades operacionais, sendo substituídos por pessoal civil, oriundo do quadro de disponíveis de outros sectores da administração pública, os quais passariam a desempenhar as tais funções administrativas, sendo que esta medida visava limitar, substancialmente, as futuras admissões para aquelas duas corporações. Depois disso, em Junho de 2007, o ministro da Administração Interna, durante a apresentação parlamentar das Leis Orgânicas da GNR e PSP e de Programação de Instalações e Equipamentos, entre outras coisas, voltou a dizer o seguinte: “É de realçar que este crescimento ocorrerá de forma sustentada, sem aumento da despesa do Estado e sem agravamento do défice orçamental, o que só é possível através da racionalização promovida pela revisão das leis orgânicas. No período de 5 anos em que se desenvolverá este esforço de modernização, o número de efectivos em missões operacionais irá crescer através da deslocação de agentes e guardas que hoje desenvolvem tarefas burocráticas e administrativas. Por outro lado, serão alienadas, nos termos da Lei do Orçamento, instalações afectas às Forças de Segurança que não são necessárias ao cumprimento das suas missões.”
Agora, assim a frio, o (des)Governo vem dar o dito por não dito. Será que se esqueceram de pôr em prática a tão badalada medida de reconversão dos recursos humanos? Será que eles pensam que todos temos a memória curta? Será que as 2.000 novas admissões na PSP e GNR vão provocar a tão esperada reviravolta na preocupante taxa de desemprego? Uma coisa é quase certa: com esta demonstração de força e audácia os criminosos já não sabem onde se esconder.Tudo isto fede a amadorismo, governação à vista dos acontecimentos e muita propaganda mal alinhavada, que reage a estímulos como o cão de Pavlov. Nem este (des)Governo, nem aquele ministro, apesar do seu semblante sério, angustiado com o surto de criminalidade, e simultaneamente convicto da eficácia da sua medida, ambos tão empenhados na árdua tarefa de garantir a segurança de pessoas e bens e sustentarem a redução do orçamento, são para levar a sério.

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