quinta-feira, julho 23, 2009

Atrás de Tempos, Tempos Virão!

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Estão a viver-se tempos difíceis e perigosos, e a culpa não é apenas da actual crise. Se há uns anos atrás, a especialização era uma exigência e condição para um bom desempenho profissional, agora sucede exactamente o contrário. Já imaginaram um bibliotecário a ser dado como apto para trabalhar numa oficina de encadernação, ou um açougueiro habilitado para trabalhos de cirurgia? Que eu saiba, a mobilidade funcional ainda não chegou tão longe, nem a versatilidade é uma constante da raça humana, para que possa ser aplicável sem excepções!
Este caso passado na Alemanha (o da imagem), não foi “lapso” administrativo, nem a culpa recaiu sobre as habituais costas largas do sistema informático. A verdade é que lá, tal como cá, as generalizações “ad hoc” produzidas por técnicos de aviário, aliadas à mais grosseira incompetência, dão como resultado que as matérias do foro laboral tenham passado a ser tratadas com desprezo, originando aberrações deste tipo, pois o desempenho de uma empregada de mesa nunca pode ser equiparado ao de uma alternadeira, tal como as aptidões de um equilibrista não são comparáveis com o trabalho de um guarda-fios.
A talhe de foice, este caso faz-me lembrar um outro, de contornos absurdos, divulgado em 2007 por Eduardo Madeira, ocorrido em Portugal, e que conta o seguinte: “Um professor de filosofia que sofria de cancro na garganta foi operado e perdeu a voz. O cancro não foi, mesmo assim debelado. Apenas se adiou o problema. Este homem pediu, no meio de um grande sofrimento, para ser aposentado antecipadamente. Foi por isso presente a uma junta médica que o julgou CAPAZ para exercer as suas funções de docente. A lógica desta junta parece-me, sobre um certo ponto de vista, acertada. Se eles, que não têm cérebro nem coração, e podem estar em funções à frente de uma junta médica, porque é que alguém sem voz não pode dar aulas?” Ambos os casos são semelhantes, no afrontamento que fazem à dignidade humana, e têm a mesma origem: a desumana, patológica e grosseira incompetência, ampliada com laivos de bestialidade. Tempos perigosos estes! Faço votos para que atrás destes tempos, melhores tempos venham.

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